APRESENTAÇÃO


Crônicas e poesias, inspirações de meu olhar sob o cotidiano, de autoria dos meus delírios confessos.

Meu olhar no reflexo da vida...

Boa leitura...

"Nada sou, senão passos nesta estrada da vida. Me banho no rio da vida, onde curo minhas intensas feridas. Eu canto a vida com muito encanto, sem medo do desencanto, eu vivo a vida e viver eu amo tanto... Sou um desencontro de acasos enganos."

"No compor do universo, sou apenas mais uma melodia, sou autoria de um compositor supremo... DEUS."

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terça-feira, 24 de dezembro de 2019

O MEU NATAL



O MEU NATAL...

Surge e lá se vão os minutos pelos ventos do tempo que vai passando por nós, e na medida em que o tempo traz algo dos minutos que nos revelam o novo presente, também acaba por nos levar o instante de agora, nos deixando tão somente memórias e recordações.

Possa parecer triste o que direi, pois confesso os recentes anos e como o de hoje, jamais me foram as noites de natal tal como foram os natais de minha infância querida. E quase convicto me atenho que nem no futuro há de ser como foi um dia...

O Natal para mim é motivo de saudade, é mergulho nas memórias da infância e daqueles anos que não mais hão de voltar...    Possa parecer ser algo triste o que confesso sentir, porém afirmo sincero de que pelo contrário, tenho infinita alegria e gratidão por neste tempo presente poder guardar com carinho esta saudade do que eu com amor dou o título de “O Meu Natal”.

Eu morava com meu pai e a minha mãe no interior do Espírito Santo, naquela época, Barra de São Francisco ainda era um pacata cidade do interior capixaba. O comércio francisquense costumava ficar aberto até a noite, as ruas e calçadas cheias de gente que entre compras e encontros com amigos e amigas, agitavam a cidade.

Antes de mamãe fechar a sua loja, ela promovia uma confraternização com as funcionárias. Em casa, eu e meu irmão já arrumados, uma ansiedade tomava conta de mim. Por volta de 21 horas, mamãe chegava, organizava as bolsas e demais coisas que fosse levar, deixando tudo arrumado no carro. E logo, papai acelerava e viajávamos toda a família, mamãe, papai, eu e meu irmão. O destino: Santa Luzia do Córrego Azul, município de Água Doce do Norte – ES.

Após passarmos pela sede de Água Doce do Norte, naquele tempo, da sede até a Vila de Santa Luzia do Córrego Azul ainda era estrada de terra. E logo que alcançávamos a estrada de terra já sentíamos o clima mudar, o cheiro de mato, o frescor do vento, o ar mais puro.

Chegando ao destino, na entrada do sítio papai parava o carro e descia, acendia um foguete que estourava clareando a noite e anunciando que havíamos chegado para passar a noite de natal com a família, especialmente, com Vô Jove e Vó Iraci, que ao ouvir o foguete já nos esperava na porta da casa nos recebendo com incondicional amor e carinho.

Após ganhar a benção do Vô Jove e da Vó Iraci, eu logo corria para o encontro com os primos e primas, além das demais pessoas, tias, tios, e amigos e amigas, naquelas noites de natal e ali, todos eram como uma grande família. Nós, crianças, brincávamos pelo terreiro, tudo parecia-me ter uma liberdade de vida que para mim, parece já não existir. Tudo em volta e naqueles natais, tinha algo muito especial e que incondicionalmente nascia de uma doce simplicidade e da força de um amor tão verdadeiro como poucos e marcantes momentos eu pude ver e presenciar ao longos de meus 37 anos de vida.

Na varanda da casa, Vô Jove agitava aquele arrasta pé, enquanto Vó Iraci se ardia de ciúmes. Enquanto as pessoas compartilhavam a alegria e o amor enriquecendo a noite em família, papai assim que chegava para a festa, assumia a churrasqueira. E no momento da virada da noite de natal, ao chegar do dia 25 de dezembro, havia um momento de prece e reza, a gratidão, um laço de amor envolvia a todos e todas, em seguida, era aqueles muitos abraços e confraternizações.

Ao amanhecer do dia 25, junto com papai e mamãe, retornávamos em viagem, mas antes de chegarmos na nossa casa, o roteiro seguia para a Vila de Monte Sinai no interior francisquense, aonde confraternizávamos com os meus avós maternos, Vô Valdir e Vó Geni. Apenas ao final da tarde, é que chegávamos em nossa casa em Barra de São Francisco.

Faz hoje já alguns anos em que os ventos do tempo levaram de nossa presença os meus queridos avós, Vô Jove, Vó Iraci, Vô Valdir e Vó Geni.

Não sei dizer exato a partir de quando foi mudando as noites de natal, mas sei que o Natal jamais foi como antes era. Parece ser quase impossível que haver novamente a um Natal que pudesse ter toda a família reunida como antes. Em primeiro, porque a ausência da alegria do Vô Jove, como o amor incondicional da Vó Iraci, do Vô Valdir e da Vó Geni, é certamente como um infinito vazio. Em segundo, porque infelizmente a vida e o cotidiano dos tempos atuais, acabam por seguir o seu curso, cada família vai crescendo, novas gerações nascem, e lamentavelmente as distâncias vão se tornando maiores, talvez.

No entanto, reafirmo com toda a sinceridade de meu coração que por poder sentir a saudade e ter guardado na memória estas recordações que me são de valor imensurável e tão especiais para a minha vida. Ainda que lembrar traga algumas lágrimas ao olhar, sinto imensa gratidão e alegria por cada uma destas memórias, gratidão infinita por ter vindo à esta existência como neto do Vô Jove, da Vó Iraci, do Vô Valdir e da Vó Iraci. Gratidão pelos tios e tias, pelos primos e primas. E incontável alegria por hoje, contemplar as novas gerações que surgem, tão belas crianças que nascem a cada tempo, enriquecendo e abençoando a toda a nossa família.

Certo de que “O Meu Natal” será sempre a memória dos tempos da infância, um momento de agradecer a DEUS pelo nascimento do Menino Jesus, e um dia para sempre sentir a alegria na saudade e emoção ao reviver as memórias que trago com amor no coração.

Meus carinhos votos de um Feliz Natal para todos e todas!
Para todas as famílias, e em especial, para a família a qual Deus me abençoou em fazer parte.
25 de dezembro de 2019

Por Luciano Guimarães de Freitas