APRESENTAÇÃO


Crônicas e poesias, inspirações de meu olhar sob o cotidiano, de autoria dos meus delírios confessos.

Meu olhar no reflexo da vida...

Boa leitura...

"Nada sou, senão passos nesta estrada da vida. Me banho no rio da vida, onde curo minhas intensas feridas. Eu canto a vida com muito encanto, sem medo do desencanto, eu vivo a vida e viver eu amo tanto... Sou um desencontro de acasos enganos."

"No compor do universo, sou apenas mais uma melodia, sou autoria de um compositor supremo... DEUS."

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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O MEU OLHAR SOBRE O NATAL


O MEU OLHAR SOBRE O NATAL.



Lembro-me bem de minha infância, minha mãe trabalhava na Loja até quase as 23 horas da véspera de Natal, as ruas da cidade estavam sempre lotadas de gente correndo atrás de presentes. Quando o comércio em alguma cidade do interior fechava já bem tarde na véspera, íamos eu, o meu irmão, a mãe e o meu pai, para o Sítio de meus Avós Juvenal e Iracy para nos reunirmos com toda a família.

Chegando à roça, ao cume da estrada que entrava no Sítio, meu pai tirava do porta malas uma caixa de foguete e o céu se enchia de estouros. Era como um memorial  ou ritual, e assim foi por anos. O tempo nos levou aqueles momentos na mais saudosa lembrança, quando reuníamos a família, havia ceia, e sempre os vizinhos se achegavam para comemorar o Natal. Houve épocas que se somava quase cento e cinquenta pessoas, dançávamos, comemorávamos com todo o amor e paz.

Nós, ainda crianças, corríamos pelo terreiro de terra, brincávamos de pique, amarelinha, cai no poço quem me tira, até as energias se esgotarem, e irmos dormir na esperança de algum presente surgir próximo ao chinelo ou às meias de nossa esperança de ganhar algum presente do Papai Noel.

Tempos depois, não há muito tempo, foi o primeiro Natal sem a minha Avó Iracy, reunimos como há muito tempo não fazíamos, já não era na roça, foi em um patrimônio do Município. Ao chegar da meia noite, nós tomamos a ceia, fizemos um círculo de mãos dadas, a cada reza ou oração, os olhos eram tomados por lágrimas de emoção e saudade...

Neste Natal, eu não sei como vai ser. Talvez passe na casa de algum amigo, certamente, poeta e emoção que eu sou, surgirá alguma lágrima e os meus pensamentos caminharam pelas feridas de meu coração. Haverá no meu peito uma oração e um pedido ao Menino Jesus de um Próximo Ano melhor, um agradecimento pelos momentos difíceis, pelo aprendizado.

Tudo mudou e já não nos reunimos com tanta frequência, já não dividimos os nossos sonhos e nem brincamos de pique. A vida e toda esta prisão do sistema em busca de dinheiro, estabilidade, nos levou o tempo que tínhamos para a família. Formamos ao longo dos anos as nossas próprias famílias e deixamos de ser uma grande família talvez. 

Neste Natal, eu não terei a presença de meu irmão, faz tempo que não o vejo, tempo que não conversamos, uma mágoa e desamor se instalaram entre nós dois, neste Natal não estarei na reunião de família, estarei distante, talvez refletindo sobre o Ano de 2012, sobre a minha vida. Este ano que passou foi uma superação de meus medos e do que me atormentava, foi um reinício de meus passos em busca da felicidade.

Por mais que adversidades aconteçam, alguns covardias, eu sei, que o meu Natal onde quer que eu esteja será um bom Natal, pois os meus olhos se olham para o Menino Jesus na manjedoura, ele nunca muda o seu trato conosco, sempre está batendo a porta da manjedoura de nossa coração, pedindo abrigo. O Menino Jesus, sempre está pronto a nos perdoar por nossos erros, sempre cheio de amor e paz para nós.

Talvez ele chore um pouco ao perceber que nós esquecemos um pouco dele no dia de seu nascimento, preocupamos mais em dar e receber presentes, do que abençoar aqueles que nos amam. Preocupamos mais com as bebidas, com os alimentos, do que com uma das datas mais especiais da humanidade, quando nasceu um Menino chamado Jesus, que deu a sua vida por nós.

Pensando nisso tudo, de forma saudosa, e refletindo os meus sentimentos e a vida de hoje diante o meu olhar, eu passo a escrever e levar para a minha textualização, o meu olhar sobre o  Natal:

É chegado mais um fim de ano, mais um Natal com as suas canções que deveriam renovar a paz e o amor em nós. Particularmente o Natal deixou de ser há muito tempo um momento que me cause alegria.

Cada vez mais, nossas cidades são mais violentas, a miséria e a fome imperam em nossas ruas e praças. Enquanto isso, pouco se ouve ou se vê falar do amor de Cristo Jesus e do Nascimento daquele que um dia deu a sua vida por nós.

Vemos pessoas comprando presentes, grandes e intensas campanhas publicitárias, e um consumo exagerado em prol de um capitalismo que nos aliena cada vez mais dentro de um plano de consumo que nos ilude uma sensação de felicidade.

Enquanto as nossas Prefeituras gasta milhões de recursos financeiros em ornamentações, crianças movidas pela desigualdade social correm pelas ruas com os seus olhos famintos, desejosas de um pão e esperançosas de ganhar ao menos uma bola de futebol velha e ou uma boneca usada, para então se sentirem parte do Natal.

Algumas famílias terão panetone e vinho a mesa, uma bela Ceia de Natal, cantaram alguma destas canções, louvaram, se embebedaram em algum vinho caro; enquanto outras nem mesmo terão um pão mofado a mesa.

Não vejo como sentir-me feliz no Natal, ao pensar sobre toda esta injustiça social, em pensar que enquanto estou a mesa tomado pelo calor de um vinho, muitos estão morrendo em uma esquina, se perdendo no caminho dos vícios e da miséria e fome.

Pergunto-me se todos nós não estamos cegos. Se nós realmente somos humanos.

O meu Feliz Natal é desejar que as bênçãos do Menino Jesus possam ungir de bênçãos aos aprisionados deste sistema louco que nos aliena, que possa libertarmos de nosso caos de existir em tanta desumanidade e desamor entre os seres humanos.

Que neste Natal, o bicho homem possa reencontrar aquela estrela que fica ao cume de uma árvore de Natal, e que esta estrela possa estar iluminando tão somente os corações da humanidade. Que possamos refletir sobre um ano de 2013 com mais amor entre os seres humanos, mais paz em nossas ruas, menos corrupção e sede de poder de nossos políticos, e mais amor e diálogo em favor da vida.

Que possamos amar cada defeito do próximo e aprender a compreender que somos imperfeitos. De que o abraço e o perdão é necessários para existir a paz. De que o diálogo é fundamental.

De que a vida nos dá o melhor dela quando damos o melhor de nós para a vida. E que só há uma chance de um mundo melhor no próximo ciclo se encerra, só uma chance de sobrevivermos aos tempos difíceis que se anunciam: Amar verdadeiramente uns aos outros.

UM FELIZ NATAL À TODOS... QUE A ESTRELA DO MENINO JESUS E UM ANO DE 2013 COM NOVAS ESPERANÇAS E SONHOS POSSA ILUMINAR O CORAÇÃO DE TODOS.


Por Luciano Guimarães de Freitas.
Poeta, Cineclubista, Produtor Cultural.

18 de Dezembro de 2012, Vitória - ES