APRESENTAÇÃO


Crônicas e poesias, inspirações de meu olhar sob o cotidiano, de autoria dos meus delírios confessos.

Meu olhar no reflexo da vida...

Boa leitura...

"Nada sou, senão passos nesta estrada da vida. Me banho no rio da vida, onde curo minhas intensas feridas. Eu canto a vida com muito encanto, sem medo do desencanto, eu vivo a vida e viver eu amo tanto... Sou um desencontro de acasos enganos."

"No compor do universo, sou apenas mais uma melodia, sou autoria de um compositor supremo... DEUS."

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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ESPERANÇA...




ESPERANÇA...


“Do que eu fui, tive medo. Mas tenho orgulho de ter amigos, de ser quem eu sou, e de ter muita fé na vida e em um Deus que é maior que toda e qualquer denominação religiosa“.



Queridos leitores, palavras saltam de minhas entranhas, no mais ardente fogo de meu coração, e eu, apenas me deixo queimar-me deste fogo constante que há em mim, este desejo de gritar e de me queimar do ópio da lucidez insana de minha alma.

Eu teria tanto a falar, mas temo fazer deste texto, algo inconstante e cheio de delírios de um ser que está sendo lapidado continuamente e infinitamente. Tudo tem sido uma transição de um processo que em mim encerra um ciclo de três décadas no próximo mês.

Se fosse começar do final, contaria que agora, quando a madrugada toca a sua badalada com os sons noturnos de pernilongos que voam sedentos de sangue, eu sentei um pouco mais a frente de uma máquina tecnológica e lutando com os pernilongos e ou relutando para que eu não seja parte comum deste aparelho chamado computador; desejei contar do dia a dia de hoje, talvez buscar uma transversalidade com os dias passados de minha vida.

Fato, é que tem dias em que uma chama acende em mim um sentimento sedento por gritar, um querer expor e não impor, mas que devido as porteiras do preconceito ou  da cegueiras humana, necessitam ser gritos , versos aflitos para vir chorarem seu pranto de nascimento.

Ou seja, possa ser mais simples, estão em mim, mãos de meu espírito a abrir a torneira de meu coração para que palavras que nascem no que eu tenho de mais livre, possam formar um rio a correr para o mar e evaporar pelos ventos a pairarem livremente por ares e vales distantes.

A palavra é viva, e nela há o poder de criar vida.

Hoje eu falaria de mim, diria que os últimos meses foram difíceis para mim, lutando para arder os meus sonhos na possibilidade de realizá-los. Mas certo, já houve anos e meses bem piores. Então o que mudou ou diferencia os meus sofrimentos?

È que atualmente sinto-me mais fortalecido, as marcas do tempo fizeram-me forte e me deram armaduras para continuar lutando. Não me sinto cansado de mim e nem das lutas, canso-me muito é do desamor humano, da incapacidade de pessoas que preferem criar obstáculos maiores ao poder pensar em superar a adversidade da desumanidade do homem e das sociedades.

Trago também lembranças de amores, rosas no jardim de meu coração, que jamais foram incapazes de murcharem. Se mantém vivo nos bons momentos, troca de olhares. Às vezes ainda conto os aniversários de algumas rosas tão belas que me perfumaram com o amor. Hoje, algumas estão por ai, a florescerem ao despertar de outros jardineiros, os fazendo felizes como um dia à mim fizeram.

Das pessoas que preferiam ferir-me com a lâmina cruel da condenação, destas tudo que tenho é pena.

Já outros seres e pessoas, são tal como uma chama de um pequeno fósforo iluminando toda uma escuridão.

Certa feita, quando realmente achava que a vida não valia muito à pena e tudo que era belo e vívido de meu castelo de versos.  Certa vez caminhando sozinho nas ruas de Linhares no norte do Estado do Espírito Santo, resolvi entrar em um bar. Não por acaso, minutos antes eu sentei em um hidrante numa esquina onde circula pessoas em seus círculos sociais e por ali fiquei por uns dez minutos sem saber para onde ir, apenas a observar a ignorância daqueles que eram incapazes de pressentir minha solidão.

Passavam ternos e gravatas, pernas de belas mulheres travestidas de bolsas de couro e roupas de caros vestidos.

Quando resolvi caminhar eu cheguei à porta do bar, não buscava nenhuma bebida para curar-me alguma mágoa, apenas entrei e simples senhor de cabelos grisalhos, mãos calejas e de aparência simples, chamou-me e ofereceu uma cerveja. Mas como poderia eu, estava falido, financeiramente e emocionalmente. Com a insistência, chegando próximo ao senhor, aceitei o convite dizendo:

_ Não tenho dinheiro, mas se não se importar posso retribuir com uma poesia que fiz dedicada a Linhares.

Após concluir o meu recitar de versos, o senhor olhou firme nos meus olhos e me disse:

_ Mostrou-me a sua arte, agora, por favor, permita-me mostrar-lhe a minha.

Então ele foi até a garupa de uma velha bicicleta "monark" e trouxe uma folha de um coqueiro. Com ela, conversando trovas e versos ele foi mexendo na folha, pegava uma ponta e ligada à outra, e logo, sorria alegremente e atraindo a atenção e curiosidade de todos em nossa volta; até que a folha ganhou o formato de um inseto, conhecido no Brasil, como esperança.

Então ele me disse:

_ Jovem, toda vez que acordar, olha para esta esperança, as folhas do coqueiro podem secar com o tempo, mas jamais deixe esta esperança secar dentro do seu coração.

Foi fascinante ouvir aquelas palavras, e foi a partir daquele dia, que passei a regar com muita fé e amor a esperança com que aquele simples homem me presenteou, certamente era um homem de luz que iluminou toda a minha vida.

São simples atitudes, que podem mudar toda uma história.

Hoje, eu queria falar do ataque aos professores no Rio de Janeiro, falar da minha indignação com algumas ações politiqueiras no Município de Águia Branca, aonde tenho atuado com a cultura; queria denunciar o descaso e falta de uma gestão municipal voltada para a cultura e para a arte, construtivamente criticar a carência de um trabalho voltado para construção de espaços democráticos e públicos por excelência, atuantes na formação de pensadores e não de seguidores de pensamentos prontos. Da necessidade de incentivar a juventude para ser livre para promover um levante popular em prol de seus sonhos e anseios. Queria falar de tantas coisas...

Hoje eu queria chorar, prantear aos amigos o que me sofre e ainda insiste em deixar-me angustiado. O que me revolta e faz-me enfurecer com todo o sistema social imposto a nós, o povo.

Mas hoje, queridos leitores, hoje resolvi contar da esperança que é viva em mim, hoje foi lembrando-se de bons momentos, de saudosos amigos, que eu me toquei e cheguei à conclusão de eu não posso perder nunca mais a esperança...

Então, no ato final de meu texto de hoje, vou-me até o espelho, olho para os cantos do quarto de meu coração e no descanso de minha alma, e sim, ventos de lembranças de bons e maus momentos cortam-me a face enquanto que uma brisa suave vem acariciando as pálpebras de meu olhar. Concluo:

“Eu tive muito medo do eu fui, temor por aonde um dia, cheguei a caminhar. Em certos momentos, vi a morte rodeando-me os passos, querendo cavar sete palmos para o meu coração... Quase fui degolado no preconceito social, ora de burgueses feudais, ora de falsos amigos, ora até mesmo por minha própria família e muitas vezes por uma sociedade cruel com tudo que acontece fora de seus lares e feudos”.

“Mas, Deus é aquele Ser Eterno e Maior que pensamos, e que nos abençoa com amigos de verdade, com uma família pronta a compreensão, e enviando seres de luz para nos iluminar.”

“Hoje, eu agradeço a Deus, por minha mãe que chorou tantos dias e noites sem ter como compreender que há momentos difíceis que existem para nos lapidar. Agradeço pelo meu irmão, e mesmo por minha grande família, que atualmente, quando passamos por um momento difícil com uma jovem prima lutando a cada dia pela vida, se mostra unida acima de qualquer diferença”.

“Agradeço a Deus, por existir aquele simples senhor e a sua esperança de palha de coqueiro, que espiritualmente representou tanto em minha vida.”

“E agradeço por ter um Pai, que como um dia destes, me ligou enquanto eu estava dentro ônibus, apenas para dizer: _ Filho, estou te ligando apenas para dizer que Te Amo, e para pedir que você nunca desista dos seus sonhos”.

E assim, caros leitores, é que a esperança em mim tem se renovado cada vez mais forte, abrasada por fé e por amor, e por verdadeiros amigos.

Hoje, eu olho a janela de meu coração, vejo no espelho do céu a estrada percorrida até aqui, posso dizer, eu tenho orgulho do eu sou e por ter vencido grandes batalhas para chegar até aqui.

Então, olho para além do horizonte, até que os meus olhos percam de vista a linha do infinito:

“Já não vejo nada além da linha do infinito, mas a esperança e os meus os sonhos são capazes de desenhar, as mais belas paisagens do universo.”


“Esperança é tal como uma luz que transpassa
o meu olhar, nasce três vezes: dentro de mim;
dentro do ser além do meu olhar;
e nasce quando o meu olhar encontra em si mesmo,
 o reflexo de outro ser humano.”
(Luciano G. Freitas)


Por Luciano Guimarães de Freitas
Poeta, Cronista, Cineclubista.
04 de outubro de 2013