ESPERANÇA...
“Do
que eu fui, tive medo. Mas tenho orgulho de ter amigos, de ser quem eu sou, e de ter muita fé na vida e em um Deus que é maior que toda e qualquer denominação
religiosa“.
Queridos
leitores, palavras saltam de minhas entranhas, no mais ardente fogo de meu
coração, e eu, apenas me deixo queimar-me deste fogo constante que há em mim,
este desejo de gritar e de me queimar do ópio da lucidez insana de minha alma.
Eu
teria tanto a falar, mas temo fazer deste texto, algo inconstante e cheio de delírios
de um ser que está sendo lapidado continuamente e infinitamente. Tudo tem sido
uma transição de um processo que em mim encerra um ciclo de três décadas no
próximo mês.
Se
fosse começar do final, contaria que agora, quando a madrugada toca a sua badalada
com os sons noturnos de pernilongos que voam sedentos de sangue, eu sentei um
pouco mais a frente de uma máquina tecnológica e lutando com os pernilongos e
ou relutando para que eu não seja parte comum deste aparelho chamado
computador; desejei contar do dia a dia de hoje, talvez buscar uma
transversalidade com os dias passados de minha vida.
Fato,
é que tem dias em que uma chama acende em mim um sentimento sedento por gritar,
um querer expor e não impor, mas que devido as porteiras do preconceito ou da cegueiras humana, necessitam ser gritos ,
versos aflitos para vir chorarem seu pranto de nascimento.
Ou
seja, possa ser mais simples, estão em mim, mãos de meu espírito a abrir a
torneira de meu coração para que palavras que nascem no que eu tenho de mais
livre, possam formar um rio a correr para o mar e evaporar pelos ventos a
pairarem livremente por ares e vales distantes.
A
palavra é viva, e nela há o poder de criar vida.
Hoje
eu falaria de mim, diria que os últimos meses foram difíceis para mim, lutando
para arder os meus sonhos na possibilidade de realizá-los. Mas certo, já houve
anos e meses bem piores. Então o que mudou ou diferencia os meus sofrimentos?
È
que atualmente sinto-me mais fortalecido, as marcas do tempo fizeram-me forte e
me deram armaduras para continuar lutando. Não me sinto cansado de mim e nem
das lutas, canso-me muito é do desamor humano, da incapacidade de pessoas que
preferem criar obstáculos maiores ao poder pensar em superar a adversidade da
desumanidade do homem e das sociedades.
Trago
também lembranças de amores, rosas no jardim de meu coração, que jamais foram
incapazes de murcharem. Se mantém vivo nos bons momentos, troca de olhares. Às
vezes ainda conto os aniversários de algumas rosas tão belas que me perfumaram
com o amor. Hoje, algumas estão por ai, a florescerem ao despertar de outros
jardineiros, os fazendo felizes como um dia à mim fizeram.
Das
pessoas que preferiam ferir-me com a lâmina cruel da condenação, destas tudo
que tenho é pena.
Já
outros seres e pessoas, são tal como uma chama de um pequeno fósforo iluminando
toda uma escuridão.
Certa
feita, quando realmente achava que a vida não valia muito à pena e tudo que era
belo e vívido de meu castelo de versos. Certa
vez caminhando sozinho nas ruas de Linhares no norte do Estado do Espírito
Santo, resolvi entrar em um bar. Não por acaso, minutos antes eu sentei em um
hidrante numa esquina onde circula pessoas em seus círculos sociais e por ali fiquei
por uns dez minutos sem saber para onde ir, apenas a observar a ignorância
daqueles que eram incapazes de pressentir minha solidão.
Passavam
ternos e gravatas, pernas de belas mulheres travestidas de bolsas de couro e
roupas de caros vestidos.
Quando
resolvi caminhar eu cheguei à porta do bar, não buscava nenhuma bebida para
curar-me alguma mágoa, apenas entrei e simples senhor de cabelos grisalhos,
mãos calejas e de aparência simples, chamou-me e ofereceu uma cerveja. Mas como
poderia eu, estava falido, financeiramente e emocionalmente. Com a insistência,
chegando próximo ao senhor, aceitei o convite dizendo:
_
Não tenho dinheiro, mas se não se importar posso retribuir com uma poesia que
fiz dedicada a Linhares.
Após
concluir o meu recitar de versos, o senhor olhou firme nos meus olhos e me
disse:
_
Mostrou-me a sua arte, agora, por favor, permita-me mostrar-lhe a minha.
Então
ele foi até a garupa de uma velha bicicleta "monark" e trouxe uma folha de um
coqueiro. Com ela, conversando trovas e versos ele foi mexendo na folha, pegava
uma ponta e ligada à outra, e logo, sorria alegremente e atraindo a atenção e
curiosidade de todos em nossa volta; até que a folha ganhou o formato de um
inseto, conhecido no Brasil, como esperança.
Então
ele me disse:
_
Jovem, toda vez que acordar, olha para esta esperança, as folhas do coqueiro
podem secar com o tempo, mas jamais deixe esta esperança secar dentro do seu
coração.
Foi fascinante ouvir aquelas palavras, e foi a partir daquele dia, que passei a regar com muita fé e amor a esperança com que aquele simples homem me presenteou, certamente era um homem de luz que iluminou toda a minha vida.
Foi fascinante ouvir aquelas palavras, e foi a partir daquele dia, que passei a regar com muita fé e amor a esperança com que aquele simples homem me presenteou, certamente era um homem de luz que iluminou toda a minha vida.
São
simples atitudes, que podem mudar toda uma história.
Hoje,
eu queria falar do ataque aos professores no Rio de Janeiro, falar da minha
indignação com algumas ações politiqueiras no Município de Águia Branca, aonde
tenho atuado com a cultura; queria denunciar o descaso e falta de uma gestão
municipal voltada para a cultura e para a arte, construtivamente criticar a
carência de um trabalho voltado para construção de espaços democráticos e
públicos por excelência, atuantes na formação de pensadores e não de seguidores
de pensamentos prontos. Da necessidade de incentivar a juventude para ser livre
para promover um levante popular em prol de seus sonhos e anseios. Queria falar
de tantas coisas...
Hoje
eu queria chorar, prantear aos amigos o que me sofre e ainda insiste em
deixar-me angustiado. O que me revolta e faz-me enfurecer com todo o sistema
social imposto a nós, o povo.
Mas
hoje, queridos leitores, hoje resolvi contar da esperança que é viva em mim,
hoje foi lembrando-se de bons momentos, de saudosos amigos, que eu me toquei e
cheguei à conclusão de eu não posso perder nunca mais a esperança...
Então,
no ato final de meu texto de hoje, vou-me até o espelho, olho para os cantos do
quarto de meu coração e no descanso de minha alma, e sim, ventos de lembranças
de bons e maus momentos cortam-me a face enquanto que uma brisa suave vem
acariciando as pálpebras de meu olhar. Concluo:
“Eu
tive muito medo do eu fui, temor por aonde um dia, cheguei a caminhar. Em
certos momentos, vi a morte rodeando-me os passos, querendo cavar sete palmos
para o meu coração... Quase fui degolado no preconceito social, ora de
burgueses feudais, ora de falsos amigos, ora até mesmo por minha própria família
e muitas vezes por uma sociedade cruel com tudo que acontece fora de seus lares
e feudos”.
“Mas,
Deus é aquele Ser Eterno e Maior que pensamos, e que nos abençoa com amigos de
verdade, com uma família pronta a compreensão, e enviando seres de luz para nos
iluminar.”
“Hoje,
eu agradeço a Deus, por minha mãe que chorou tantos dias e noites sem ter como
compreender que há momentos difíceis que existem para nos lapidar. Agradeço
pelo meu irmão, e mesmo por minha grande família, que atualmente, quando passamos
por um momento difícil com uma jovem prima lutando a cada dia pela vida, se
mostra unida acima de qualquer diferença”.
“Agradeço a Deus, por existir aquele simples senhor e a sua esperança de palha de coqueiro, que espiritualmente representou tanto em minha vida.”
“E
agradeço por ter um Pai, que como um dia destes, me ligou enquanto eu estava
dentro ônibus, apenas para dizer: _ Filho, estou te ligando apenas para dizer
que Te Amo, e para pedir que você nunca desista dos seus sonhos”.
E
assim, caros leitores, é que a esperança em mim tem se renovado cada vez mais
forte, abrasada por fé e por amor, e por verdadeiros amigos.
Hoje,
eu olho a janela de meu coração, vejo no espelho do céu a estrada percorrida
até aqui, posso dizer, eu tenho orgulho do eu sou e por ter vencido grandes
batalhas para chegar até aqui.
Então,
olho para além do horizonte, até que os meus olhos percam de vista a linha do
infinito:
“Já
não vejo nada além da linha do infinito, mas a esperança e os meus os sonhos
são capazes de desenhar, as mais belas paisagens do universo.”
“Esperança é tal como uma luz que transpassa
o meu olhar, nasce três vezes: dentro de mim;
dentro do ser além do meu olhar;
o meu olhar, nasce três vezes: dentro de mim;
dentro do ser além do meu olhar;
e nasce quando o meu olhar encontra em si mesmo,
o reflexo de outro ser humano.”
(Luciano G. Freitas)
o reflexo de outro ser humano.”
(Luciano G. Freitas)
Por Luciano Guimarães de Freitas
Poeta, Cronista, Cineclubista.
04 de outubro de 2013