APRESENTAÇÃO


Crônicas e poesias, inspirações de meu olhar sob o cotidiano, de autoria dos meus delírios confessos.

Meu olhar no reflexo da vida...

Boa leitura...

"Nada sou, senão passos nesta estrada da vida. Me banho no rio da vida, onde curo minhas intensas feridas. Eu canto a vida com muito encanto, sem medo do desencanto, eu vivo a vida e viver eu amo tanto... Sou um desencontro de acasos enganos."

"No compor do universo, sou apenas mais uma melodia, sou autoria de um compositor supremo... DEUS."

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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

AS BOAS LEMBRANÇAS QUE ME INSPIRAM...



AS BOAS LEMBRANÇAS QUE ME INSPIRAM...

(Uma homenagem aos amigos da Infância e Adolescência)

(à 8ª Série de 1998, da Escola São Francisco de Assis - Barra de São Francisco/ES)

 “As lembranças de minha vida, da minha infância querida que os tempos não trazem mais.”


Nestes dias profanos de tamanha desumanidade, presos neste sistema que nos domina e nos conduz ao caos do dia a dia e ao um diálogo tão distante dos ideais em que nos criamos. A um diálogo que se mantém na irracionalidade da carência de emoção e na distância dos seres humanos de si mesmos.

Eu saio correndo pela areia da praia, e sento solitário diante do mar. Grandeza infinita de azul balançante entre as águas diante de meu olhar, lá no infinito uma bela lua nasce namorando o sol que se põe.


Solitário por alguns minutos, meus pensamentos me conduzem ao retorno à minha casa, chegando eu me sento diante de minha cama e me tranco no quarto entre quatro paredes.



 Há duas estéticas que à mim atraem, uma delas é olhar pela janela enquanto o ônibus passeia pelas ruas e buscar perceber o existir diante de meus olhos: as pessoas que caminham na calçada, os carros, os prédios que crescem cada vez mais, as diversas peculiaridades e personalidades diante da janela, o mar e o infinito além da janela. A janela é um dos termos mais antigos, e de onde nasceu o conceito do cinema... Pessoas nas janelas do trem observando a imagem em movimento. Deste conceito surgiu a sétima arte.

Outra estética que me atrai muito é estar entre as quatro paredes de meu quarto. Por mais que pareça estar aprisionado, ali em um recanto tão meu, liberto-me para o imaginário e caminho por lugares distantes no mais profundo de minha alma. Deste caminhar pelo meu imaginário, eu vejo um amanhã no infinito onde os meus olhos não podem ver, mas que os meus sonhos e esperança são capazes de desenhar as mais belas paisagens da vida.

Entre as quatro paredes na nave de meu imaginário, eu caminho pelos caminhos dentro de mim, onde estão as paisagens mais belas da vida, onde nascem as lágrimas que irrigam ao meu mais sincero sorriso e onde brota a esperança e paz que alçam em mim revoluções infinitas de meu ser.

Solitário em meus pensamentos, eu caminho para o mais profundo de meu coração e retomo ao canto do quarto de minha alma em busca das lembranças de um tempo distante, da infância querida e da adolescência. Perco-me pensando deleitosamente em como estão os amigos daqueles bons tempos que se foram na mais saudosa lembrança.

Vejo-me caminhando pelas ruas da saudade e relembro alguns momentos que jamais foram abandonados pelas lembranças. Do tempo em que eu matava aula atrás da escola, do tempo em que apelido não era Bullying. Pois naquele tempo as nossas brincadeiras eram repletas de uma pureza que não existe mais nos tempos de hoje.

Certamente o tempo e a idade se encarregaram de algumas mudanças físicas, talvez alguns já tenham família, outros estejam por ai em busca de seus sonhos. Aquele tempo era um tempo em que a vida ainda nos permitia algumas peripécias e aventuras. Hoje com a idade, por vezes temos medo de nos aventurar, pois com a idade, a vida se torna mais real diante de nossos passos. Lembro dos campeonatos de futebol de botão, algumas festas, das revistas que alguns meninos sempre levavam para os outros amigos, e tantas outras descobertas que aconteciam naquele tempo. De nossos olhares da puberdade contemplando a beleza que amadurecia nas meninas, elas que nos arguiam grandes suspiros e as primeiras paixões da vida. Ainda, tudo era uma pureza que hoje não se encontra mais em nossos adolescentes.

Naquela época, ainda ouvíamos mais frequentemente Legião Urbana, Titãs e Caetano. 

Com o coração batendo saudoso eu caminho nas lembranças de meus passos pela estrada da vida. Contemplo cada detalhe do céu da existência e me reencontro nas constelações dos bons tempos, desde os primeiros passos pelo chão, até o futebol em que nunca eu fui tão bom, os embates com professores, brincadeiras e bate papos com amigos.

Hoje, quando o tempo me leva os cabelos e deixa em mim algumas cicatrizes e feridas... Nos momentos de lutas e batalhas, quando algumas vezes eu penso em desistir. São as boas lembranças e saudade dos verdadeiros amigos, que preenchem o meu coração de esperança e força para continuar lutando contra as adversidades da vida.

Lembrar-me dos amigos e dos tempos passados é recorrer aos importantes momentos de minha vida que deixaram a mais saudosa lembrança desde os tempos de criança, e a minha jornada pela adolescência.

Lembrar-me dos amigos daquele tempo, faz o meu coração bater emocionado. As lágrimas ousadas tomam a minha face, as mãos trêmulas buscam escrever algo, compor um poema, porém é difícil raciocinar diante de tanta emoção.

O tempo e o progresso, a vida corrida, acabam nos levando algumas referências e identidades. Não cheguei a velhice, mas a idade de três décadas de vida somada ao progresso da ansiedade e da sobrevivência, nos priva de muitas coisas, nos torna talvez subservientes ao algo mais prático, mais racional, a formação de seres humanos mais máquinas e menos humanos.

De minha infância lembro-me de meu pai me levando para o sítio e me apresentando aos amigos dele. Papai sempre dizia assim: Filho este é como seu fosse seu Tio, no momento em que papai não estiver, é a este amigo do papai que vai procurar. Era um tempo em que mantínhamos fortes laços de amizade, vivíamos em uma cidade no interior onde a época nos era possível ter raízes e valores sociais e familiares.

Sempre sonhei em dizer as mesmas palavras para os meus filhos, aquele é amigo de papai... Caminhar com minha família e contar do quanto foi bom às amizades nos bons tempos que não voltam mais. Eu moro em um apartamento há anos, não conheço vizinhos, o bom dia sai sempre automático como uma obrigação. 

Ás vezes choro ou me espanto quando vejo o nosso interior tomado pela violência, com tanta desigualdade e injustiça social, e pranteio quando percebo a nossa juventude perder a sua identidade e ser tão passiva diante das transformações que tem ocorrido em nossas pequenas cidades.

Quisera a vida e pudera Deus que fosse possível sempre o encontro com os verdadeiros amigos e morarmos mais perto um do outro. Quisera Deus que o nosso interior parasse no tempo e não tivesse tanto desamor e desumanidade se desenvolvendo e disseminando o extermínio de nossos jovens.

Nestes dias atuais, eu encontrei pela Rede Social, o Facebook,  um Grupo chamado Encontrão, é um grupo criado com objetivo maior de promover um encontro de amigos que estudaram na adolescência.

Eu estudei com aquela turma da 8ª série de  1998, na Escola São Francisco de Assis, em Barra de São Francisco. Eu vinha de uma reprovação no ano de 1997, um ano que foi muito difícil para mim pelo divórcio de meus pais. Aquela turma não sabe, mas me senti acolhido e bem recebido com imenso carinho. Tal acolhimento me levou a ter um bom ano escolar e marcou um momento importante de minha vida.

Tenho algumas lembranças daquela época, entre algumas que até hoje me fazem sorrir, lembro da Micheline, professora de português, que era uma professora bem atraente. Lembro das vezes em que eu discuti com os professores, defendendo algo que eu acreditava. Quem não se lembra da Zilma, Professora de História, da Elinete de Matemática e do Júnior Borém Professor de Educação Física, e da nossa Coordenadora, a Tia Zilene.

Foi com surpresa que me deparei com o Grupo Encontrão, e também com muita felicidade em poder rever pessoas que foram tão importantes em minha vida, pessoas que deixaram saudade e boas lembranças.

Quando olho e verifico datas, me assusto um pouco. É estranho perceber que já se passaram 14 anos.

 Eu sempre fui muito contestador, e nos momentos em que eu achava estar certo, não tinha medo de debater ou discutir, fosse com algum professor ou com a Diretora. E foi mesmo assim, que eu deixei no início do quarto bimestre aquela turma de 1998.

Em um momento eufórico, discuti, debati com a Direção da Escola, e desci o morro da Escola aos gritos e exclamações. Em defesa do que eu acreditava. Tomei as malas do destino e segui em busca de outros ares, experiências e novos amigos. Vale contar que hoje tenho profundo respeito e admiração pela Diretora da Escola naquela época.

Tínhamos acabado de classificar a Escola, nos Jogos Estaduais da Rede Pitágoras, e íamos jogar a fase nacional em Belo Horizonte, como eu queria ter ido naquela viagem, lembro-me que eu era goleiro de handbol. Inspirado naquela época, cheguei a ser professor de educação física e ter uma escolinha de handbol.

Os meus amigos daquela turma de 1998, não sabem mesmo a saudade que eu levei no meu peito, e como em alguns momentos eu me arrependi de ter descido aquele morro. Em muitos momentos de minha vida, nas batalhas constantes pelas vielas da existência, desejei muito não ter descido aquele morro e deixado a minha turma da 8ª série para trás. Tão embora, eu tenha aprendido que Deus tem algo traçado para nós, que a vida nos remete as nossas escolhas, e assim a vida foi a minha maior escola. E nos meus passos pela existência, trouxe comigo alguns aprendizados, faculdades do saber de arriscar outros passos e novas ideias e pensamentos.

Hoje sou grato a Deus por tudo que fez em minha vida, e por tudo que tem feito em mim. Hoje eu tenho orgulho de quem eu sou, não tenho vergonha do que fui. Do que fui, tive um pouco de medo... Eu acredito veemente que eu sou um milagre, um milagre de Deus em minha família.

Hoje, sou um homem formado, não sou mais aquele adolescente um tanto impulsivo. Mas a personalidade contestadora continua em mim. Porém um tanto mais amadurecida. Atuo com movimentos sociais, renasço de momentos incertos de minha vida profana e caminho em defesa da vida e por uma cultura de paz. 


Continuo a escrever poemas, acreditando muito em um dos maiores poetas vivos, que disse: “A arte transforma a pessoa e as pessoas transformam o país”. (Ferreira Gullar)

Atualmente, estou me preparando para retornar a morar na Região Noroeste do Espírito Santo, onde daremos início a criação de uma Coletivo Jovem nos Municípios para atuarem em defesa da cultura e contra a violência que tem se espalhado pelo interior do Estado.

Sinto saudades daquele 1998. Sinto saudades dos amigos... E quando me sinto perdido no tempo e espaço desta existência, eu procuro no mais íntimo de mim, as boas lembranças daquele tempo e dos bons e saudosos momentos.

Ah, se os amigos soubessem, o quanto descer aquele morro marcou a minha vida... Saudade de vê-los, abraça-los e dizer a eles o quanto todos foram especiais e marcaram a minha vida.

Eu fico meus prezados leitores, contando cada milésimo de segundo para poder encontrar aquela turma da 8ª série de 1998, tempos bons, boas histórias a se relembrar. Tão logo ás águas de março chegaram, quem dera se ao som de Elis Regina...

São as boas lembranças e bons momentos que me inspiram cada passo e batalha, quando nesta vida alçam os canhões, meu corpo e as minhas feridas levantam uma voz que grita alto, grita o meu amor pela vida e meu intenso desejo de viver sempre.

Quando alçam os canhões
Eu tomo a minha armadura
Trago na face minhas desilusões e ilusões
E o sangue de minha loucura.

Corro pelos campos de meu coração
E sangro os meus mais intensos delírios
Eu rompo as grades de minha solidão
E corro pelos campos de lírios.

Trago no peito minhas feridas...
E muita esperança no olhar,
Nos meus passos por esta vida
Eu aprendi a jamais desistir de sonhar.

Aprendi correr pela saudade
E caminhar pelas boas lembranças
Trago no peito, as saudosas amizades...
Da Adolescência e dos tempos de criança.

Ah, foram bons tempos
De uma bela e serena canção
Tempos que não ficaram no esquecimento
Aqui, estão guardados no mais profundo de meu coração.

São estes momentos
A minha eterna inspiração
Eles acariciam a minha face como os ventos
São as boas lembranças dos amigos, que faz bater o meu coração.

Tomo o caminho da vida diante do meu olhar
Sigo sem medo de olhar para trás...
No meu peito está a pulsar
A saudades dos amigos e dos bons tempos, que não voltam mais...



“Olhar apenas por olhar é como olhar e não ver nada. É como estar sempre no escuro.”





Por Luciano Guimarães de Freitas.
Poeta, Cineclubista
Agente Cultura Jovem.



Vitória- ES, 08 de dezembro de 2012.