APRESENTAÇÃO


Crônicas e poesias, inspirações de meu olhar sob o cotidiano, de autoria dos meus delírios confessos.

Meu olhar no reflexo da vida...

Boa leitura...

"Nada sou, senão passos nesta estrada da vida. Me banho no rio da vida, onde curo minhas intensas feridas. Eu canto a vida com muito encanto, sem medo do desencanto, eu vivo a vida e viver eu amo tanto... Sou um desencontro de acasos enganos."

"No compor do universo, sou apenas mais uma melodia, sou autoria de um compositor supremo... DEUS."

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Saudoso Tempo...




Saudoso tempo...

(Para os amigos de minha infância e das descobertas de minha adolescência).
“Ah que saudade que eu tenho, da minha infância querida.”

Eu me pego olhando para o tempo, os minutos que passam como uma lâmina que nos corta os dias em fragmentos de minutos.

E o sol que tão logo nascera, foge com medo de amar a lua que vem vestida de seu manto enegrecido iluminado por estrelas que contemplam os nossos passos no caminho da vida...
Eu me pego cheio de lembranças, um pouco de saudade, da infância querida, da adolescência sutil, cheia da magia das descobertas, do olhar apaixonado pela menina que nunca vai saber que eu sempre estive ali tão perto olhando.

Eu trago na lembrança, até os apelidos, as gafes ditas, o pique esconde, e eu ali no encontro perdido, talvez atrás do muro da vida, olhando o tempo passar...

Tempo que até mesmo a mentira era uma sincera verdade, da felicidade que nos era simplesmente viver. Quando olho aquele tempo passou e estando no tempo presente do hoje que me devora, dá vontade de gritar que “éramos felizes e não sabíamos”, dá vontade de pedir ao tempo para voltar, desejo ir agora, para o tempo que passou...

Ah, mas eu sei e todo poeta sabe; todos nós sabemos. Este desejo, este grito pelo tempo, se chama saudade. São doces lembranças, do tempo da infância, da magia de olhar com medo de que soubesse que eu estava ali olhando. Era sentido puro, do desejo não pela carne, não pelo corpo, mas sim, a vontade da descoberta do sabor de algum beijo, mas já bastava à mim, ver alguém sorrir. Bastava apenas à mim, encontrar a amizade e o carinho, esta era a minha mentira que então conseguia ser a mais sincera verdade.

Eu me lembro dos encontros, dos amigos e do futebol de botão, de pegar as escondidas o gabarito das provas, de corrermos por este tempo sem ao menos perceber que ele passava...
Éramos felizes, e possivelmente sabíamos, pois porque sabíamos era que aquele tempo hoje é saudoso nas mais doces lembranças...

Eu olho para o meu hoje, e hoje assim olhando, encontrei imagens nas lembranças do tempo que não volta. Ah, quando penso naquele tempo, o sorriso me aparece e fico ali deleitosamente caminhando por recordações, quando uma alegria me rompe os grilhões de minha tristeza e preenche a minha solidão.

Penso nos amigos e nas amigas, algumas delas jurei amar, mas existe mesmo maior amor do que esta amizade de nunca se esquecer... Que os verdadeiros amigos sempre estiveram aqui guardados nas mais saudosas lembranças, na mais calorosa saudade, daquele tempo que passou para o tempo, mas que para nossa memória, jamais poderá passar.

E quando quero sorrir enquanto meus olhos choram, não preciso mesmo nem de fotos, nem de canções, me basta apenas fechar os olhos e ver os amigos e à mim, correndo pelo tempo e fazendo descobertas... Ah, a vida nos levou o levou o nosso saudoso tempo, nos deixou cicatrizes na pele do coração, nos fez chorar e sorrir e trouxe para alguns como eu, até mesmo um pouco de solidão... Mas tu, oh vida! Jamais pode me levar, as boas lembranças daquele tempo, dos sorrisos e da alegria, das tantas descobertas, de sentimentos e sentidos, que só hoje, após tanto tempo, sou capaz de compreender na preciosidade da mais pura saudade, saudade dos amigos e das amigas, saudade até mesmo de mim.

Por Luciano Guimarães de Freitas.

Poeta, Produtor Cultural.
Vitória/ES – 03 de março de 2013.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ESPERANÇA...




ESPERANÇA...


“Do que eu fui, tive medo. Mas tenho orgulho de ter amigos, de ser quem eu sou, e de ter muita fé na vida e em um Deus que é maior que toda e qualquer denominação religiosa“.



Queridos leitores, palavras saltam de minhas entranhas, no mais ardente fogo de meu coração, e eu, apenas me deixo queimar-me deste fogo constante que há em mim, este desejo de gritar e de me queimar do ópio da lucidez insana de minha alma.

Eu teria tanto a falar, mas temo fazer deste texto, algo inconstante e cheio de delírios de um ser que está sendo lapidado continuamente e infinitamente. Tudo tem sido uma transição de um processo que em mim encerra um ciclo de três décadas no próximo mês.

Se fosse começar do final, contaria que agora, quando a madrugada toca a sua badalada com os sons noturnos de pernilongos que voam sedentos de sangue, eu sentei um pouco mais a frente de uma máquina tecnológica e lutando com os pernilongos e ou relutando para que eu não seja parte comum deste aparelho chamado computador; desejei contar do dia a dia de hoje, talvez buscar uma transversalidade com os dias passados de minha vida.

Fato, é que tem dias em que uma chama acende em mim um sentimento sedento por gritar, um querer expor e não impor, mas que devido as porteiras do preconceito ou  da cegueiras humana, necessitam ser gritos , versos aflitos para vir chorarem seu pranto de nascimento.

Ou seja, possa ser mais simples, estão em mim, mãos de meu espírito a abrir a torneira de meu coração para que palavras que nascem no que eu tenho de mais livre, possam formar um rio a correr para o mar e evaporar pelos ventos a pairarem livremente por ares e vales distantes.

A palavra é viva, e nela há o poder de criar vida.

Hoje eu falaria de mim, diria que os últimos meses foram difíceis para mim, lutando para arder os meus sonhos na possibilidade de realizá-los. Mas certo, já houve anos e meses bem piores. Então o que mudou ou diferencia os meus sofrimentos?

È que atualmente sinto-me mais fortalecido, as marcas do tempo fizeram-me forte e me deram armaduras para continuar lutando. Não me sinto cansado de mim e nem das lutas, canso-me muito é do desamor humano, da incapacidade de pessoas que preferem criar obstáculos maiores ao poder pensar em superar a adversidade da desumanidade do homem e das sociedades.

Trago também lembranças de amores, rosas no jardim de meu coração, que jamais foram incapazes de murcharem. Se mantém vivo nos bons momentos, troca de olhares. Às vezes ainda conto os aniversários de algumas rosas tão belas que me perfumaram com o amor. Hoje, algumas estão por ai, a florescerem ao despertar de outros jardineiros, os fazendo felizes como um dia à mim fizeram.

Das pessoas que preferiam ferir-me com a lâmina cruel da condenação, destas tudo que tenho é pena.

Já outros seres e pessoas, são tal como uma chama de um pequeno fósforo iluminando toda uma escuridão.

Certa feita, quando realmente achava que a vida não valia muito à pena e tudo que era belo e vívido de meu castelo de versos.  Certa vez caminhando sozinho nas ruas de Linhares no norte do Estado do Espírito Santo, resolvi entrar em um bar. Não por acaso, minutos antes eu sentei em um hidrante numa esquina onde circula pessoas em seus círculos sociais e por ali fiquei por uns dez minutos sem saber para onde ir, apenas a observar a ignorância daqueles que eram incapazes de pressentir minha solidão.

Passavam ternos e gravatas, pernas de belas mulheres travestidas de bolsas de couro e roupas de caros vestidos.

Quando resolvi caminhar eu cheguei à porta do bar, não buscava nenhuma bebida para curar-me alguma mágoa, apenas entrei e simples senhor de cabelos grisalhos, mãos calejas e de aparência simples, chamou-me e ofereceu uma cerveja. Mas como poderia eu, estava falido, financeiramente e emocionalmente. Com a insistência, chegando próximo ao senhor, aceitei o convite dizendo:

_ Não tenho dinheiro, mas se não se importar posso retribuir com uma poesia que fiz dedicada a Linhares.

Após concluir o meu recitar de versos, o senhor olhou firme nos meus olhos e me disse:

_ Mostrou-me a sua arte, agora, por favor, permita-me mostrar-lhe a minha.

Então ele foi até a garupa de uma velha bicicleta "monark" e trouxe uma folha de um coqueiro. Com ela, conversando trovas e versos ele foi mexendo na folha, pegava uma ponta e ligada à outra, e logo, sorria alegremente e atraindo a atenção e curiosidade de todos em nossa volta; até que a folha ganhou o formato de um inseto, conhecido no Brasil, como esperança.

Então ele me disse:

_ Jovem, toda vez que acordar, olha para esta esperança, as folhas do coqueiro podem secar com o tempo, mas jamais deixe esta esperança secar dentro do seu coração.

Foi fascinante ouvir aquelas palavras, e foi a partir daquele dia, que passei a regar com muita fé e amor a esperança com que aquele simples homem me presenteou, certamente era um homem de luz que iluminou toda a minha vida.

São simples atitudes, que podem mudar toda uma história.

Hoje, eu queria falar do ataque aos professores no Rio de Janeiro, falar da minha indignação com algumas ações politiqueiras no Município de Águia Branca, aonde tenho atuado com a cultura; queria denunciar o descaso e falta de uma gestão municipal voltada para a cultura e para a arte, construtivamente criticar a carência de um trabalho voltado para construção de espaços democráticos e públicos por excelência, atuantes na formação de pensadores e não de seguidores de pensamentos prontos. Da necessidade de incentivar a juventude para ser livre para promover um levante popular em prol de seus sonhos e anseios. Queria falar de tantas coisas...

Hoje eu queria chorar, prantear aos amigos o que me sofre e ainda insiste em deixar-me angustiado. O que me revolta e faz-me enfurecer com todo o sistema social imposto a nós, o povo.

Mas hoje, queridos leitores, hoje resolvi contar da esperança que é viva em mim, hoje foi lembrando-se de bons momentos, de saudosos amigos, que eu me toquei e cheguei à conclusão de eu não posso perder nunca mais a esperança...

Então, no ato final de meu texto de hoje, vou-me até o espelho, olho para os cantos do quarto de meu coração e no descanso de minha alma, e sim, ventos de lembranças de bons e maus momentos cortam-me a face enquanto que uma brisa suave vem acariciando as pálpebras de meu olhar. Concluo:

“Eu tive muito medo do eu fui, temor por aonde um dia, cheguei a caminhar. Em certos momentos, vi a morte rodeando-me os passos, querendo cavar sete palmos para o meu coração... Quase fui degolado no preconceito social, ora de burgueses feudais, ora de falsos amigos, ora até mesmo por minha própria família e muitas vezes por uma sociedade cruel com tudo que acontece fora de seus lares e feudos”.

“Mas, Deus é aquele Ser Eterno e Maior que pensamos, e que nos abençoa com amigos de verdade, com uma família pronta a compreensão, e enviando seres de luz para nos iluminar.”

“Hoje, eu agradeço a Deus, por minha mãe que chorou tantos dias e noites sem ter como compreender que há momentos difíceis que existem para nos lapidar. Agradeço pelo meu irmão, e mesmo por minha grande família, que atualmente, quando passamos por um momento difícil com uma jovem prima lutando a cada dia pela vida, se mostra unida acima de qualquer diferença”.

“Agradeço a Deus, por existir aquele simples senhor e a sua esperança de palha de coqueiro, que espiritualmente representou tanto em minha vida.”

“E agradeço por ter um Pai, que como um dia destes, me ligou enquanto eu estava dentro ônibus, apenas para dizer: _ Filho, estou te ligando apenas para dizer que Te Amo, e para pedir que você nunca desista dos seus sonhos”.

E assim, caros leitores, é que a esperança em mim tem se renovado cada vez mais forte, abrasada por fé e por amor, e por verdadeiros amigos.

Hoje, eu olho a janela de meu coração, vejo no espelho do céu a estrada percorrida até aqui, posso dizer, eu tenho orgulho do eu sou e por ter vencido grandes batalhas para chegar até aqui.

Então, olho para além do horizonte, até que os meus olhos percam de vista a linha do infinito:

“Já não vejo nada além da linha do infinito, mas a esperança e os meus os sonhos são capazes de desenhar, as mais belas paisagens do universo.”


“Esperança é tal como uma luz que transpassa
o meu olhar, nasce três vezes: dentro de mim;
dentro do ser além do meu olhar;
e nasce quando o meu olhar encontra em si mesmo,
 o reflexo de outro ser humano.”
(Luciano G. Freitas)


Por Luciano Guimarães de Freitas
Poeta, Cronista, Cineclubista.
04 de outubro de 2013


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

UM RAIO DE SOL


UM RAIO DE SOL...

"Nos ventos que me acariciam a face, meu rico imaginário é capaz de sentir suas doces carícias. Na luz da manhã, meu amor se aquece na eterna luz do meu raio de sol... Você é luz para sempre em meu coração."

Basta-me sentar na varanda do apartamento, fechar os olhos e sentir os ventos acariciarem a minha face, para que o meu coração pulse nos ventos das lembranças. 

Os ventos docemente afagam a minha alma e as cicatrizes na face que são marcas do tempo que um dia se foi, e que eu, poeta de tantos sonhos, fico a contemplar a estrela d`alva na esperança da volta do que um dia foi-se nos algozes do destino, mas que certamente brilhará na eternidade da constelação de meus pensamentos para sempre.

Certo dia, como um jovem em busca de aventuras, tomei a direção de um baile numa vespertina tarde de sol. Era uma tarde de sol talvez comum, jovens embalados pelo som, dançavam a valsa da atração.

Porém, numa tarde que poderia ser incomum... Ela, ali estava vestida de rosa, blusa de renda preta com pequenos furos... Seus cabelos loiros valsavam no vento à medida que ela girava nos passes da dança.

Ela girava pelo salão de forma tão linda, atraindo o meu olhar sedento de dançar coladinho no calor de seu corpo. Sorria, piscava os olhos, tudo o quanto ela fazia brilhava e iluminava o meu coração e a todos naquele salão. Foi assim, a vendo reluzir uma rara beleza e um lindo sorriso tão meigo, que a chamei de “raio de sol”.

Dançamos toda uma tarde, até que fugimos para um recanto tão nosso e ali recebi o beijo mais doce, um abraço dela que era um abraço tão meu. Jamais poderei esquecer de minhas mãos correndo pelas pétalas daquele flor. Seu coração pulsava, e fazia pulsar o meu coração.

Anos se passaram, por tempos não vi novamente aquele raio de sol... Mas sua luz, jurei para mim, iluminará para sempre o meu coração.

Fomos jogados no tempo, numa distância, que me parece infinita... 

Nunca mais a vi. Dela, tenho sempre notícias. Sei apenas que está bem, que vive em outros braços, que não são os meus braços. Fico contente em saber que ela esta feliz, mesmo que não seja ao meu lado. Quando amamos alguém , não somos capaz de privar o nosso amor, de seguir seu caminho...

Assim, é que hoje, ao fechar os olhos, os ventos trouxeram lembranças do “meu raio de sol”, e do desejo sedento de que os ventos da vida a pudesse trazer de novo para mim. Mas sei que amá-la é aceitar a possibilidade que nunca mais a terei em meus braços, mas ser grato a vida por ser dela, admiração e carinho.

Pergunto-me diversas vezes, se deveria eu, ir à busca dela, por outras fico m punindo por minha covardia, sinto-me um covarde por não lutar por ela. Mas que faço, se ela tem o meu coração e eu dela tenho  a saudade eterna...

Queria poder dizer para ela, que um eterno menino, valsa sozinho no salão dos sonhos, á espera dela, mesmo que para uma última dança. 

Não sei ao certo, se o amor é loucura, mas eu seria feliz, mesmo que por mais um minuto, se mais uma vez a tivesse nos meus braços, correria minhas mãos com carinhos em seu coração, cantaria melodias para a sua alma, e escreveria para ela a poesia mais linda com versos escritos nas nuvens...

Se estes ventos, que cortam-me a face, trouxesse ela até mim, eu abriria os meus braços, e deixaria que os ventos carregassem-me também, certo, de que o nosso amor, sempre estará por ai, valsando nos ventos para toda a eternidade...

Quando rugem os canhões...
Não penses, não penses que seja uma guerra...
Sãos sim, os meus gritos, o meu clamor...
Que busca estremecer toda a terra...

Se eu grito, eu grito por amor...
Recito poemas, convocando as constelações...
Eu te chamo minha flor...
Nos acordes das minhas canções.

Não há neste mundo
Amor maior do que o meu...
Amor eterno e profundo...
Que para eternamente, será seu.

Eu me perco, em lágrimas da vida
Amanheço deitado na aurora
Deixo o orvalho curar as minhas feridas...
Volta para mim, não vai embora...

Sei que descansas em outros braços
Mas tudo que somos, é um laço
Que não se desfaz...
Só, em nosso beijo e nosso encontro, é que
Juntos, encontramos paz.

Meu coração, por ti é confesso
Enquanto, minha noite é fria...
Enquanto para ti componho versos...
Minha cama, continua vazia...
Meu amor, por fim, eu te peço:
Volta para mim um dia.

Sou o menino, eterno poeta
Na esquina da vida, esperando você passar...
Para você, meu coração sempre de porta aberta
E eu, sempre sedento de te amar...


Por Luciano Guimarães de Freitas
Poeta.



Vila Velha, ES – 20 de setembro de 2013.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Delírios do Cotidiano: NOSSA ESPERANÇA MARGINAL.

Delírios do Cotidiano: NOSSA ESPERANÇA MARGINAL.: NOSSA ESPERANÇA MARGINAL. Hoje faleceu mais um pouco de nossa esperança, faleceu a criatividade, sonhos, potencial, ousadia, faleceu mai...

NOSSA ESPERANÇA MARGINAL.

NOSSA ESPERANÇA MARGINAL.
Hoje faleceu mais um pouco de nossa esperança, faleceu a criatividade, sonhos, potencial, ousadia, faleceu mais um jovem. Hoje podemos dizer que mais uma estrela de nosso amanhã se apagou nas vielas de nossa sociedade, nos mundos marginalizados de nossa ignorância entregues ao descaso de nossa sociedade pelos becos da vida onde jovens são silenciados por nosso preconceito de nos compreender à todos como seres humanos.
Até quando, sociedade insana de classes sociais e oportunidades desiguais, até quando combateremos a criminalidade somente com ações militares que em nada exterminam todo este extermínio de nossa juventude? A ação militar serve sim, apenas para inibir a criminalidade, mas será que nos é tão difícil compreender que somente uma revolução da educação e da cultura poderá construir o nosso amanhã?
Ora, não são animais, cachorros ou bichos que estão caídos em valões de terra deste sistema social; tão embora estes jovens tomados pela criminalidade e entregues aos vícios, são sim, tratados como tais, animais que devem continuar sendo extintos desta sociedade.
Hoje faleceu mais um jovem, talvez para a nossa ignorância, apenas um número em nossos índices de homicídios da Região Noroeste que se equipara por município aos índices dos grandes centros urbanos. Sim, este jovem que hoje foi encontrado tomado por tiros, ainda estará presente, citado, e encontrado na relação dos índices de homicídios ao final deste mês. Mas deveria o seu nome e de tantos outros que se apagam de nossa existência, estarem na nossa reflexão, na busca por uma revolução na formação de nossos jovens, na busca por uma sociedade mais justa e mais igualitária, na busca de que as nossas estrelas do amanhã não percam o seu brilho de vida.
Sim, ele não era filho de Doutor, nem de Prefeito, nem de Vereador, nem de Juiz, nem de empresário, nem de Presidente da República. Era apenas mais um jovem, perdido na porteira do descaso social, marginalizado por nós, pois ele jamais seria aceito por nós, suas roupas sujas, o corpo magro e os olhos fundos, agora estão ali caído na terra suja pelo esgoto de nosso preconceito e manchado de sangue. Manchado de sangue humano, de um ser humano que desumanamente não teve o direito de ser “humano” como nós.
Hoje, faleceu mais uma estrela de nosso amanhã, ao olhar daqueles que ignoram, destes cegos do sistema, ao olhar deles e de nós, a sua morte significa menos um viciado na cidade, mas aos olhos de Deus, da esperança, da palavra humanidade, lágrimas gritam no olhar, tristeza corta a face de um sentimento de que poderíamos ter feito algo e não o fizemos, um sentimento de vazio onde caberia mais um jovem na nossa esperança e amor pela vida.
Por Luciano Guimarães de Freitas
Poeta, Cineclubista, Ativista Cultura.

22 de abril de 2013,Águia Branca,Espírito Santo.