O MEU NATAL...
Surge e lá se vão os minutos
pelos ventos do tempo que vai passando por nós, e na medida em que o tempo traz
algo dos minutos que nos revelam o novo presente, também acaba por nos levar o
instante de agora, nos deixando tão somente memórias e recordações.
Possa parecer triste o que direi,
pois confesso os recentes anos e como o de hoje, jamais me foram as noites de
natal tal como foram os natais de minha infância querida. E quase convicto me atenho
que nem no futuro há de ser como foi um dia...
O Natal para mim é motivo de
saudade, é mergulho nas memórias da infância e daqueles anos que não mais hão
de voltar... Possa parecer
ser algo triste o que confesso sentir, porém afirmo sincero de que pelo
contrário, tenho infinita alegria e gratidão por neste tempo presente poder
guardar com carinho esta saudade do que eu com amor dou o título de “O Meu
Natal”.
Eu morava com meu pai e a minha
mãe no interior do Espírito Santo, naquela época, Barra de São Francisco ainda
era um pacata cidade do interior capixaba. O comércio francisquense costumava
ficar aberto até a noite, as ruas e calçadas cheias de gente que entre compras
e encontros com amigos e amigas, agitavam a cidade.
Antes de mamãe fechar a sua loja,
ela promovia uma confraternização com as funcionárias. Em casa, eu e meu irmão
já arrumados, uma ansiedade tomava conta de mim. Por volta de 21 horas, mamãe
chegava, organizava as bolsas e demais coisas que fosse levar, deixando tudo arrumado
no carro. E logo, papai acelerava e viajávamos toda a família, mamãe, papai, eu
e meu irmão. O destino: Santa Luzia do Córrego Azul, município de Água Doce do
Norte – ES.
Após passarmos pela sede de Água
Doce do Norte, naquele tempo, da sede até a Vila de Santa Luzia do Córrego Azul
ainda era estrada de terra. E logo que alcançávamos a estrada de terra já sentíamos
o clima mudar, o cheiro de mato, o frescor do vento, o ar mais puro.
Chegando ao destino, na entrada
do sítio papai parava o carro e descia, acendia um foguete que estourava
clareando a noite e anunciando que havíamos chegado para passar a noite de
natal com a família, especialmente, com Vô Jove e Vó Iraci, que ao ouvir o foguete
já nos esperava na porta da casa nos recebendo com incondicional amor e
carinho.
Após ganhar a benção do Vô Jove e
da Vó Iraci, eu logo corria para o encontro com os primos e primas, além das
demais pessoas, tias, tios, e amigos e amigas, naquelas noites de natal e ali,
todos eram como uma grande família. Nós, crianças, brincávamos pelo terreiro,
tudo parecia-me ter uma liberdade de vida que para mim, parece já não existir.
Tudo em volta e naqueles natais, tinha algo muito especial e que
incondicionalmente nascia de uma doce simplicidade e da força de um amor tão
verdadeiro como poucos e marcantes momentos eu pude ver e presenciar ao longos
de meus 37 anos de vida.
Na varanda da casa, Vô Jove
agitava aquele arrasta pé, enquanto Vó Iraci se ardia de ciúmes. Enquanto as
pessoas compartilhavam a alegria e o amor enriquecendo a noite em família,
papai assim que chegava para a festa, assumia a churrasqueira. E no momento da
virada da noite de natal, ao chegar do dia 25 de dezembro, havia um momento de
prece e reza, a gratidão, um laço de amor envolvia a todos e todas, em seguida,
era aqueles muitos abraços e confraternizações.
Ao amanhecer do dia 25, junto com
papai e mamãe, retornávamos em viagem, mas antes de chegarmos na nossa casa, o
roteiro seguia para a Vila de Monte Sinai no interior francisquense, aonde confraternizávamos
com os meus avós maternos, Vô Valdir e Vó Geni. Apenas ao final da tarde, é que
chegávamos em nossa casa em Barra de São Francisco.
Faz hoje já alguns anos em que os
ventos do tempo levaram de nossa presença os meus queridos avós, Vô Jove, Vó Iraci,
Vô Valdir e Vó Geni.
Não sei dizer exato a partir de
quando foi mudando as noites de natal, mas sei que o Natal jamais foi como
antes era. Parece ser quase impossível que haver novamente a um Natal que pudesse
ter toda a família reunida como antes. Em primeiro, porque a ausência da
alegria do Vô Jove, como o amor incondicional da Vó Iraci, do Vô Valdir e da Vó
Geni, é certamente como um infinito vazio. Em segundo, porque infelizmente a
vida e o cotidiano dos tempos atuais, acabam por seguir o seu curso, cada
família vai crescendo, novas gerações nascem, e lamentavelmente as distâncias
vão se tornando maiores, talvez.
No entanto, reafirmo com toda a sinceridade
de meu coração que por poder sentir a saudade e ter guardado na memória estas
recordações que me são de valor imensurável e tão especiais para a minha vida. Ainda
que lembrar traga algumas lágrimas ao olhar, sinto imensa gratidão e alegria
por cada uma destas memórias, gratidão infinita por ter vindo à esta existência
como neto do Vô Jove, da Vó Iraci, do Vô Valdir e da Vó Iraci. Gratidão pelos
tios e tias, pelos primos e primas. E incontável alegria por hoje, contemplar
as novas gerações que surgem, tão belas crianças que nascem a cada tempo,
enriquecendo e abençoando a toda a nossa família.
Certo de que “O Meu Natal” será
sempre a memória dos tempos da infância, um momento de agradecer a DEUS pelo
nascimento do Menino Jesus, e um dia para sempre sentir a alegria na saudade e
emoção ao reviver as memórias que trago com amor no coração.
Meus carinhos votos de um Feliz
Natal para todos e todas!
Para todas as famílias, e em
especial, para a família a qual Deus me abençoou em fazer parte.
25 de dezembro de 2019
Por Luciano Guimarães de Freitas
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