Sou...
"O meu olhar sobre mim, o meu grito que eu viver sorri e chorei. Os meus passos de eterno menino na estrada do que clamamos ser vida."
Eu procuro as palavras que possam definir o meu delírio desta noite, mas encontro-me perdido em meio ao espaço entre os meus olhos e o branco do papel.
Penso em encontrar os versos que encantariam aos leitores, mas peço perdão, porque se o que escrevo não é tão somente o meu grito e sutilmente para o meu olhar que busca ler mais de mim, eu não existiria como poeta. Pois como poderia senti-los se antes eu não fosse capaz de sentir a mim. Como podemos pedir amor senão amarmos?
Digo isto, sem desmerecer a leitura dos amigos e leitores que têm acompanhado meus versos. Verdade é que inicialmente escrevemos sempre para nós, buscando o encontro com nossas almas através das palavras. Depois, com o amadurecimento do que pensamos ser a existência, nossas palavras ganham vida e vão buscar o horizonte e recanto de outros corações e outros olhares.
Hoje eu me encontrei assim, desejando escrever para mim, sem se preocupar com olhar do leitor - se o que escrevo encanta ou desencanta - desejei ser sincero comigo e com todos, mas claro que; ao escrever para mim e de mim, tenho a necessidade de encontrar algum olhar que há de beber do ópio de meus pensamentos e possa imaginar os meus delírios escritos nas linhas de um poema ou texto qualquer. Hoje, eu me perdi me procurando na imensidão de meus delírios, e encontrei um horizonte infinito dentro de mim, descobri a infinidade de meu coração batendo e pulsando a intensidade de minha alma.
Hoje eu me busco, e se me busco, busco olhar para o mais secreto e íntimo de minha alma.
Ando pensando em minha vida, a tragédia de meus dias perdidos entre o espaço da existência e os meus passos no palco da vida. Ah, como desejei a morte, senão de meu corpo, ao menos do que sofria dentro de mim.
Caminhei sem a noção do tempo revirando as lembranças do passado que insistiu um dia em ferir-me. Sofri a humilhação do espelho destas sociedades tão cultas de religião e poder, sangrei na viela do caos e sim, houve dias que não quis mesmo viver. Perdi o domínio de meus passos sobre a tutela dos domínios sociais do poder.
Foi na dor que amadureci, sangrando eu me curei, chorei o pranto de um mar que sofria dentro de meu peito. A espada no meu peito era o medo de mim mesmo e o medo de viver. Eu caminhei pelos becos, experimentando o ópio social da vida. E me perdi pelas ruas descalço e maquiado da poeira do preconceito, eu quis água e comida além do abraço pelas madrugas frias... Mas somos o vício de consumo de nosso domínio chamado “Ego” e do nosso status de ser humanos para nós mesmos.
Neste lamaçal em que eu estava e em que os cultos do domínio chamariam de currais da miséria humana, eu tive a palavra sincera de um olhar singelo, mãos calejadas e peito ferido pela desesperança, uma simples palavra que me mandou olhar para o horizonte que havia dentro de mim, o horizonte que se lapidava no fogo da vida para a mutação de um metal nobre. Esta voz me disse suave, que ainda haveria grandes pastos e campos para se caminhar, e que é na dor do fogo, que surge os grandes homens, aqueles que tem lugar de honra próximo ao Criador do Universo.
Ah, eu aprendi a olhar o horizonte dentro de mim. Sobrevivi ao deserto olhando este horizonte onde estava o oásis de meu sorriso mais lindo.
Eu me senti próximo ao Criador, não deste Deus ensinado pelos homens, eu senti perto do amor e da paz, da esperança e dos sonhos, do verdadeiro Criador do Universo. ELE não estava na raça, credo, posição política, condição de pecado, ele estava no ar correndo entre as folhas e que no respirar de meu pulmão entrava em mim, esse ar invadia minha alma e tomava meu espírito.
Eu não poderia ser o que sou se dentro de mim não houvesse um horizonte que recitasse a poesia de minha alma. Ah, quando olho a infância dos dias que se foram até o tempo de minha ruína, não sinto arrependimento... Eu gosto de olhar mesmo é para o horizonte, para onde desejo mesmo ir.
Não é que eu esqueça as minhas raízes, jamais poderei esquecer onde eu vi a luz do mundo ao nascer chorando aos berros, estava ali no lençol branco da maternidade em um pequeno Município chamado Mantena no interior de Minas Gerais. De certo mesmo, é que lembrarei ainda mais, como um “pilar memorial” , dos dias de minha ruína, pois foram nestes dias que renasci para a vida. O que para muitos foi a ruína, para mim foi a gestação de meu renascimento.
Eu continuo sorrindo e correndo pela estrada adiante de meus passados, as lágrimas vão irrigando o meu sorriso... E o meu sorriso vai se apaixonando pelas flores no caminho e os pássaros que louvando anunciam os novos dias que já vem chegando.
Sou tal como um eterno menino, correndo por ai, tentando compreender o espaço inexato entre os meus olhos e o branco do papel. Entre a minha poesia e minha alma. Sempre o eterno menino correndo...
Sim... No horizonte dentro de mim... Eu o sou.
Sou.
Sou o menino correndo
Vou ali além do luar
Onde a lua nasce morrendo
No horizonte além de meu mar.
No horizonte além de meu mar.
Não penso no dia sofrido
Da lama e da dor na estrada
Os dias já foram vividos
Já se foram as frias madrugadas.
Quero agora da vida, o perfume de flores
A paz de uma brisa a me tocar
Quero sanar as minhas dores
E docemente, me amar.
Trago nos lábios o sorriso profano
E o coração de porta aberta...
Eu trago o que mais ser eu amo
Sim, eu amo viver e ser poeta.
Por Luciano Guimarães de Freitas
Poeta, Cineclubista, Sonhador, Eterno Menino.
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